Magistério: "Paciência e muita serenidade"

11 de março de 2012


O professor Pedro Paulo de Miranda envia comentário, intitulado "Magistério: Paciência e muita serenidade", cuja íntegra segue postada:

"O texto “O secretário, o ministro e o piso dos professores”, publicado neste blog, no dia 08 de março de 2012 apresenta o apelo do Secretário do Estado da Educação, Eduardo Deschamps ao solicitar: “[...] esforço exigirá paciência e muita serenidade por parte da categoria do magistério público estadual para evitar prejuízos nas atividades escolares dos alunos”.

É frequente e/ou habitual solicitarem paciência e serenidade, sobretudo, para com o magistério catarinense, todavia, o tempo, o uso inadequado e inadvertido contribui para desgastar o sentido original das palavras de forma a despertar dúvida/ambiguidade quanto ao entendimento das expressões utilizadas.

Com intuito de preservar o sentido original procurei apoio técnico na etimologia das palavras utilizadas pelo Sr. Secretário para posteriormente, compreendê-las.

A palavra paciência vem do latim “pati” que significa “aguentar e sofrer” e do grego “pathe” que dá origem a família de palavras como patologia (doença) e paciente (que precisa ser tratado). Já serenidade é de origem latina “serenitas” de “serenus” que significa calmo e tranqüilo.

Portanto, aplicando o sentido original dos termos que foram adotados no apelo de Eduardo Deschamps é possível a seguinte leitura: Magistério - sofra, aguente e “take it easy” (fique frio).

É exatamente isso que o recém empossado secretário solicita, ou seja, sofrer, aguentar e ficar tranqüilo?

Na condição de cidadão, com direito à vida, liberdade, propriedade e a igualdade perante a lei é que rogo encarecidamente ao Ilmo Secretário, que além de solicitar paciência e serenidade ao magistério catarinense faça uso de suas atribuições de autoridade pública erguendo a sua voz para pedir:

1. Paciência e serenidade aos bancos para com os seus correntistas/credores para não praticarem juros abusivos quando no uso do limite;

2. Paciência e serenidade para as administradoras de cartões de crédito para como os seus credores e não pratiquem juros “estratosféricos” e abusivos pelo atraso ou pelo pagamento parcial da fatura;

3. Serenidade aos políticos nas suas promessas de campanha e que tenham paciência quando enquadrado na ficha “suja”;

4. Serenidade por parte do Comitê de Política Monetária, do Banco Central do Brasil, que define a taxa básica de juros do mercado e paciência quando houver reivindicação para baixa dos juros ou para eliminação de tantos desnecessários;

5. Serenidade do poder público estadual no sentido de repensar as 36 SDRs e a “gastança” que as mesmas patrocinam e paciência quando ouvir de aliados a crítica de que são “cabides de emprego”;

6. Serenidade por parte de quem administra o “SC – Saúde”, no sentido de admitir que os seus filiados encontram-se desassistidos e paciência para ouvir as queixas no 0800;

7. A lista é infindável, mas para finalizar, solicite ainda ao governador que tenha serenidade e cumpra definitivamente e na sua integralidade a lei acerca do piso do magistério e no caso do seu descumprimento tenha paciência, com o descontentamento da totalidade dos professores de escolas públicas estaduais.

O que o Senhor pensa?

Eu digo: “Pimenta nos olhos alheio não arde”!"