sábado, abril 20, 2013

PLANO DE ATIVIDADE DE SOCIOLOGIA: Por uma cultura democrática e cidadã.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Juventude e participação política
CONTEÚDO PRINCIPAL:
Democracia
SÉRIE DO ENSINO MÉDIO: 1º, 2º e 3º anos.
DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE: 03 aulas
EQUIPE: Edna Aparecida Coqueiro

1. JUSTIFICATIVA

Para a consolidação do sistema democrático brasileiro, teremos que enfrentar o desafio de construir uma cultura de participação, em especial entre os jovens. Para tanto, trazer para a sala de aula leituras e debates sobre a Democracia, Juventude e Participação Política é uma estratégia que colabora para a compreensão de como acontece o controle do poder na sociedade e o desfio de participar das decisões contribuindo para a formação de cidadãos conscientes.

2. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

a) Descrição das atividades

Mobilização:

Comece mobilizando os estudantes para a questão da democracia. Pergunte o que eles entendem por democracia, o que pesam sobre o sistema democrático brasileiro. Aproveite os argumentos para introduzir a questão da participação da juventude na política. No final da aula aplique um questionário.

Questões:
  • Qual o grau de importância que atribui à política? 
  • Existe ou não alguma influência da política sobre sua vida?
  • Você exerce influência na política?
  • Participa de organização, movimento social ou partido político? Por quê?
  • Tem interesse por informações sobre política? Que tipo de informação mais lhe interessa? Onde busca essas informações?
  • É possível não se envolver com a política?
  • O que pensa sobre a obrigatoriedade do voto?
O eleitor, na hora de votar, deve escolher bons candidatos.
O eleitor, na hora de votar, deve escolher bons candidatos.
O voto é um direito de todos os seres humanos que vivem em regime democrático, que consiste em escolher individualmente o candidato que assumirá a representação de toda a sociedade.
Para determinar o candidato a ser votado, as pessoas precisam avaliar seus planos e projetos para melhorias na região. A conscientização da população para o voto justo e incorruptível é uma boa maneira de diminuir a quantidade de pessoas subornadas e compradas ilegalmente, e o policiamento nos locais de votação.

Apesar de o voto no Brasil ser obrigatório para todas as pessoas alfabetizadas com idade entre 18 e 70 anos, ele contribui para eleger uma pessoa de forma legal, já que a lei prevê que uma pessoa somente poderá assumir cargos governamentais se elegidos com maior número de votação. É importante que o voto seja realizado a partir da satisfação do eleitor no candidato e nas possibilidades de melhoria, pois o voto não deve ser visto como uma troca de favores, quando o eleitor vota e ganha com isso dinheiro, cesta básica, brinquedos, asfalto e outras coisas.

A compra de votos é ilegal, bem como a boca de urna, onde um representante de determinado candidato tenta convencer as pessoas a elegê-lo. Vale lembrar que uma pessoa capaz de utilizar de suborno e compra de votos não será um bom representante da nação ou região, pois a corrupção se mostra antes mesmo da posse do cargo público, já que busca se promover através de métodos ilegais.

No período de votação é necessário assistir o planejamento feito por cada candidato e ainda atentar para os debates feitos em emissoras de TV, pois tais debates revelam muito sobre cada candidato.
Por Gabriela Cabral

Leitura e Problematização:

Leia com a turma o texto Participação Política e Juventude.
http://www.scielo.br/pdf/rsocp/v16n30/15.pdf.

Problematize a visão de que os jovens de hoje são individualistas, consumistas e não apresentam nenhum interesse pelos problemas políticos da sociedade.
  • Verdade ou Mito?
  • Os jovens são convidados a participar?
  • Se não participam, quem reivindica pelo jovem?
  • Atividade de reflexão e análise crítica
Atividade em grupo

Proponha que organizem e analisem os dados do questionário (deve ser entregue formulário para organização dos dados).
  • Razões do apreço ou desprezo pela política;
  • Influência da política (campos/espaços);
  • Influência na política (campos/espaços);
  • Meios pelos quais recebem informação;
  • Tipos de informação que interessa.
Cada grupo deve apresentar para a sala a conclusão de suas análises.
É interessante que o(a) professor(a) retome as questões debatidas na primeira e segunda aula, compare-as com a análise dos dados. Peça para que os alunos apontem maneiras de como individualmente e/ou coletivamente o jovem pode contribuir para a construção e o fortalecimento da democracia brasileira.

Leitura complementar



Texto:
DEMOCRACIA, CORRUPÇÃO E OMISSÃO

A dica de leitura e reflexão (ou ainda, dica de uma aula) é ler o fragmento do texto de Marcia Tiburi e a partir dele refletir algumas questões importantes.
Segue fragmento do texto e sugestões de questões para reflexão:

Por que somos corruptos?
Por Marcia Tiburi

A máxima “o poder corrompe” é a bandeira que cobre o caixão no qual velamos a política. Ela é primeiro desfraldada por aqueles que pretendem evitar a partilha do poder que constitui a democracia. Ela é aceita por todos aqueles que se deixam levar pela noção de que o poder não presta e, deste modo, doam o poder a outros como se dele não fizessem parte. Esquecem-se que a falta de poder também corrompe, mas esquecem sobretudo de refletir sobre o que é o poder, ou seja, ação conjunta.
Democracia é partilha do poder. É o campo da vida comum, a vida onde todos estamos juntos como numa mesma embarcação em mar aberto. Partilhamos o poder querendo ou não, mas podemos fazê-lo de modo submisso ou democrático, omisso ou presente. Estamos dentro da democracia e precisamos seguir suas conseqüências. Democracia é também responsabilização pelo contexto em que vivemos: pelo resultado das eleições, pela miséria, pelo cenário inteiro que produzimos por ação ou omissão. Mas não nos detivemos em escala social para entender o que a democracia é e, por isso, falta-nos a reflexão que é capaz de orientar o seu sentido, bem como o sentido do poder e da política.
[...] É nosso dever hoje reavaliar a experiência brasileira diante da política. A compreensão da política como campo da profissão, por definição, corrupta, é ela mesma corrompida e corrupta. Ela destrói a política, cujo significado, precisamos hoje, refazer. Esta é a ação política mais urgente. Acostumamo-nos ao pré-conceito de que política é apenas governabilidade e deixamos de lado a idéia fundamental de que a política é projeto de sociedade da qual participam todos os cidadãos. Reclusos em nossas casas, acreditamos que a esfera da vida privada está imune ao político. Esquecemos que o pessoal é também político, não como espetáculo, mas como lugar de relação e modelo da esfera macroscópica da sociedade. [...] Na omissão praticamos a anti-política. Toda anti-política que seja omissão e não crítica é corrupção da política por ser corrupção da ação. A mais urgente das ações políticas na atualidade, além da punição dos que transformaram nossa governabilidade em prostituição da ação, é refazermo-nos como políticos no verdadeiro sentido.

Este artigo é fragmento do artigo que foi publicado em Zero Hora de 30 de abril de 2006, na Coluna Tema para Debate.

Questões para reflexão:
  1. Quais as consequências do desinteresse da sociedade pela política?
  2. É possível não nos envolvermos com a política?
  3. A corrupção existente hoje na política brasileira é culpa apenas dos políticos profissionais?
Sugestões para outros encaminhamentos.

Ampliar as discussões visando despertar e desenvolver o senso crítico. Pode-se, a partir deste estudo/ atividades, propor o desenvolvimento de ações no espaço escolar e na comunidade.

Exemplos:
  • Campanhas sobre cidadania e participação política (do jovem);
  • Campanha de mobilização pelo voto consciente;
  • Campanha de combate a todo tipo de corrupção;
  • Blog;
  • Teatro itinerante;
  • Jornal ou mural informativo.
b) Recursos
  • Tv;
  • Pendrive;
  • Textos;
  • Jornal, revistas;
  • Laboratório de Informática.
3. AVALIAÇÃO

a) Critérios:

O educando dever apresentar desenvolvimento na capacidade de:
  • realizar análise crítica e autocrítica;
  • compreensão do problema social e dos conceitos relacionados;
  • articulação dos conteúdos com sua prática;
  • argumentar com clareza e coerência. 
b) Instrumentos:
  • Expressão oral e escrita: Pesquisa, elaboração de texto e trabalho em grupo. 
4. REFERÊNCIAS 

a) Bibliográficas

CASTRO, Lúcia Rabello. Participação Política e Juventude: do mal-estar à responsabilização frente ao destino comum. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsocp/v16n30/15.pdf. Acesso: 02/07/2012 
DIMENSTEIN, Gilberto, RODRIGUES, MARTA M. A, GIANSANTI, Alvaro Cesar. (Orgs) Poder e Estado in Dez Lições de Sociologia para um Brasil cidadão , p. 176-177, Editora FDT, São Paulo, 2008.
GORZONI,Priscila – Os meandros da corrupção no Brasil e como esse mal está instalado na sociedade – Revista Sociologia nº 28, p.26-33,36,37, Editora Escala, São Paulo, 2012. 
TOMAZI, Nelson Dácio. Sociologia para o Ensino Médio – Cap. 13, 2ª edição, Editora Saraiva, São Paulo, 2010.
SOUSA, Diogo Tourino, PERLATTO, Fernando. As eleições e a democracia, Revista Sociologia nº 39, p. 35-51,Editora Escala, São Paulo, fevereiro/março-2012 
TIBURI, Marcia. Democracia, corrupção e omissão Disponível em 
________ A tolerância à corrupção no Brasil: uma antinomia entre normas morais e prática social. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-62762009000200005

b) Eletrônicas

TV Taques | Corrupção é crime hediondo -
Política Brasileira - http://www.politicabrasileira.com.br/

c) Sugestão de material de apoio

Cartilha do Cidadão Consciente. Publicação do Departamento Intersindical de 
Assessoria Parlamentar – DIAP – Edição nº1, ANO 1 – 2010.
Manual Contra a Corrupção – Integridade, Ética e Transparência contra a corrupção. Governo do Estado de Minas Gerais – Auditoria Geral do Estado, Belo Horizonte, 2008

http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=732#sugestoes



ECA: professor não pode xingar aluno ou aluna!

Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei 8069/90 | Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990

Título II
Dos Direitos Fundamentais
Capítulo II 
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade

Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

As coações ou torturas físicas e mentais também foram objeto de preocupação por parte do legislador, inclusive aquelas que são praticadas pelas pessoas responsáveis pela proteção.

Título VII
Dos Crimes e Das Infrações Administrativas
Capítulo I
Seção II
Dos Crimes em Espécie
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:

Pena - detenção de seis meses a dois anos. 

Professor que chamou aluno de burro é demitido

       O professor Ricardo de Paula Luna comandava o time de um colégio de Pouso Alegre, no Sul de Minas, e se mostrou bastante exaltado durante o tempo técnico e chamou um aluno de 14 anos de burro. Por causa do xingamento, ele foi demitido.


Gestão da sala de aula

       Ederson Granetto conversa com o professor Celso dos Santos Vasconcellos sobre as estratégias para a gestão da sala de aula e a importância da relação aluno-professor para ampliar a participação dos alunos na sala que leva à construção do conhecimento.

 

A Relação Pedagógica

       As relações do aluno com o professor e com o conhecimento são o foco desse programa, que busca entender como se dá o processo de aprendizagem a partir dessas interações. O programa conta com entrevistas de especialistas na área de Educação (Bernard Charlot, Maria Tereza Mantovani e José Cerchi Fusari) e de professores de Ensino Fundamental, que refletem sobre a importância das trocas e da construção conjunta entre alunos e professores na sala de aula.

 

quinta-feira, abril 18, 2013

PLANO DE ATIVIDADE DE HISTÓRIA: O coronelismo e a democracia na Primeira República no Brasil


CONTEÚDO PRINCIPAL:
Primeira República brasileira
CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Política dos governadores, coronelismo, desenvolvimento da democracia no Brasil contemporâneo.
SÉRIE DO ENSINO MÉDIO: 1º, 2º e 3º anos.
DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE: 10 aulas
EQUIPE: Luiz F. Alves Rosa, Marcelo Fronza.

1. JUSTIFICATIVA

O conhecimento da historicidade das eleições republicanas no Brasil é fundamental para compreendermos os processos que levaram e reforçam à corrupção dos cidadãos ligados a compra de votos e a influência do poder econômico e político na consciência dos sujeitos. O conhecimento deste passado visa fornecer ideias para a criação de atitudes contra a corrupção no processo eleitoral e na consciência dos brasileiros.


2. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO


PRIMEIRA FASE: O ENSINO E A INVESTIGAÇÃO DAS IDÉIAS HISTÓRICAS DOS ESTUDANTES

Finalidades em relação aos conceitos relativos ao coronelismo e à democracia na Primeira República Brasileira:

1. Investigar as ideias históricas que os jovens estudantes já possuem sobre o coronelismo e a democracia na Primeira República brasileira.

2. Verificar como e se aparece na consciência histórica dos jovens estudantes, questões relativas ao coronelismo e à democracia na Primeira República brasileira.

3. Investigar as perspectivas teóricas referentes ao coronelismo e à democracia na Primeira República no Brasil. Demarcação espaço-temporal: Brasil república do final do século XIX e início do século XX. Sujeitos históricos: camadas populares dos sertões e das cidades, membros da elite política, econômica e militar da República do Brasil.

3. ATIVIDADE


1- O que você conhece sobre o coronelismo a democracia durante a Primeira República no Brasil?


O professor poderá categorizar as respostas considerando:
a) se o estudante conhece a democracia e o coronelismo durante a Primeira República do Brasil;
b) como ele compreende o coronelismo a democracia;
c) se a democracia tem algum significado para a vida contemporânea dos jovens.


A partir das ideias prévias construídas por meio da categorização das narrativas históricas produzidas pelos estudantes, propor uma intervenção pedagógica. Esta será estruturada por fontes históricas e narrativas historiográficas. É importante que esta categorização seja comunicada aos estudantes e, se possível, construída junto com eles.

SEGUNDA FASE:


A INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA DO PROFESSOR

Agora que o professor fez a recolha das ideias prévias dos estudantes é o momento da sua intervenção pedagógica. Para que o estudante fundamente as diversas perspectivas geradas por suas narrativas históricas é necessário que o professor construa uma intervenção pedagógica a partir dos teóricos e da historiografia de referência sobre o coronelismo e a democracia na Primeira República. Para isto, o professor deverá fazer uso de fontes históricas e de fragmentos de textos teóricos e de narrativas historiográficas que se confrontem e/ou dialoguem entre si.

Investigação a partir de fontes históricas:

4. FONTES EM IMAGENS:

A corrupção por meio do poder político e econômico ocorre de formas insidiosas no processo político e democrático brasileiro o que gerou muitas críticas por parte da sociedade brasileira: uma dessas críticas foi expressas por produções culturais como a uma novela que representa as atitudes políticas de um prefeito de uma pequena cidade caricaturizado a partir do imaginário popular brasileiro: Odorico Paraguaçu ― personagem pelo ator Paulo Gracindo na telenovela O Bem-Amado, escrita por Dias Gomes (1923-1999) e que foi ao ar de janeiro a outubro de 1973 pela Rede Globo. Aqui estão alguns fragmentos desta novela que expressam esse imaginário sobre o coronelismo e suas formas de ação política:

  • (Odorico, o Homem do Povo, Vote Odorico!) 


  • (Entrevista para a TV, Vote Odorico!)




Paulo Gracindo como Odorico Paraguaçu na telenovela O Bem-Amado, de Dias Gomes, 1973.

2. Como você interpretou o modo como o Coronel Odorico Paraguaçu agia e pensava em relação aos modos de influenciar os cidadãos em sua decisão política?

Você conhece algum político que age e pensa de forma parecida atualmente?

Como você reage em relação a este político?

Podemos compreender que este imaginário político em relação ao coronelismo é fruto de práticas políticas que se desenvolveram na virada dos séculos XIX para o XX durante a Primeira República brasileira.

3. Observe o cartum produzido durante o período da Primeira República brasileira:


4. Para você, que tipo de consciência política é representada nesta charge? Que ideias Storni, o autor desta charge, estava querendo expressar em relação a democracia brasileira durante a Primeira República?

5. Você concorda ou discorda com o posicionamento crítico de Storni (autor da charge)? Por quê?

5. FONTES LITERÁRIAS

O modo como os políticos e coronéis tratavam a política democrática na Primeira República foi satirizada de forma radical por Lima Barreto (1881-1922) no romance Os Bruzundangas. Este romance pode ser entendido como uma metáfora satírica da sociedade brasileira do início do século XX. Eis um trecho do romance:


A POLÍTICA E OS POLÍTICOS DA BRUZUNDANGA 

(…) A primeira cousa que um político de lá pensa, quando se guinda às altas posições, é supor que é de carne e sangue diferente do resto da população.

O valo de separação entre ele e a população que tem de dirigir faz-se cada vez mais profundo.

A Nação acaba não mais compreendendo a massa dos dirigentes, não lhe entendendo estes a alma, as necessidades, as qualidades e as possibilidades.

Em face de um país com uma população já numerosa em relação ao território ocupado efetivamente — na Bruzundanga, os seus políticos só pedem e proclamam a necessidade de introduzir milhares e milhares de forasteiros.

Dessa maneira, em vez de procurarem encaminhar para a riqueza e para o trabalho a população que já está,
eles, por meio de capciosas publicações, mentirosas e falsas, atraem para a nação uma multidão de necessitados cuja desilusão, após certo tempo de estadia, mais concorre para o mal-estar do país.
(...)
Não há lá homem influente que não tenha, pelo menos, trinta parentes ocupando cargos do Estado; não há lá político influente que não se julgue com direito a deixar para os seus filhos, netos, sobrinhos, primos, gordas pensões pagas pelo Tesouro da República.

No entanto, a terra vive na pobreza; os latifúndios abandonados e indivisos; a população rural, que é a base de todas as nações, oprimida por chefões políticos, inúteis, incapazes de dirigir a cousa mas fácil desta vida.

Vive sugada; esfomeada, maltrapilha, macilenta, amarela, para que, na sua capital, algumas centenas de parvos, com títulos altissonantes disso ou daquilo, gozem vencimentos, subsídios, duplicados e triplicados, afora rendimentos que vêm de outra e qualquer origem, empregando um grande palavreado de quem vai fazer milagres.

LIMA BARRETO, Afonso Henriques de. Os Bruzundangas. São Paulo: Brasiliense, 1961 [1923], p. 23-24).

6. Como você compreende a relação entre o coronelismo e a sociedade brasileira da Primeira República a partir esse fragmento literário da obra Os Bruzundangas de Lima Barreto?

7. Você consegue detectar o que permanece das práticas dos políticos brasileiros da Primeira República com a dos governantes atuais? E o que mudou daquela época em relação ao nosso presente?

O coronelismo na Bahia da primeira metade do século XXI inspirou o imaginário na criação de personagens de escritores como Jorge Amado (1912-2001), e seu conhecido romance Gabriela cravo e canela:

O coronel Ramiro Bastos contemplava tudo aquilo como se fosse propriedade sua. E assim o era um pouco, pois ele e os seus governavam Ilhéus desde muitos anos. Era um velho seco, resistente à idade. Seus olhos pequenos conservavam um brilho de comando, de homem acostumado a dar ordens. Sendo um dos grandes fazendeiros da região, fizera-se chefe político respeitado e temido. O poder viera às mãos durante as lutas pela posse da terra. (...) Fora duas vezes intendente, era agora senador estadual. De dois em dois anos mudava o intendente, em eleições a bico de pena, mas nada mudava em realidade, pois quem continuava a mandar era o mesmo o coronel Ramiro (...), amigos incondicionais ou parentes seus revezavam-se no cargo, não moviam uma palha sem sua aprovação. Seu filho, médico de crianças e deputado estadual, deixara fama de bom administrador.

(AMADO, Jorge, Gabriela cravo e canela. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1975 [1958], p. 73).

8. Como a figura do coronel representada pelo escritor Jorge Amado? Que características do coronelismo esse fragmento revela?

9. O que o autor Jorge Amado queria expressar quando usa a expressão “... eleições a bico de pena...”?

Importante:

Neste momento é fundamental que o professor permita que os estudantes produzam livremente suas inferências e até mesmo a sua empatia com as fontes. É a partir das inferências históricas (ou seja, os conceitos históricos prévios em relação a estas fontes) destes sujeitos que o professor montará a sua intervenção.


Este momento é necessário para que o estudante compreenda a diversidade de perspectivas que os sujeitos de uma determinada época possuem em relação a determinados acontecimentos históricos. As fontes históricas são vestígios do passado no presente para que os historiadores tenham algum acesso às outras temporalidades e aos outros períodos. Agora o estudante deverá produzir uma narrativa histórica sobre o tema abordado a partir das fontes escolhidas.

10. Faça de conta que você é um historiador do século XXI e que tenha que escrever uma narrativa histórica sobre o coronelismo e a democracia na Primeira República para um determinado público. Mas para isso você pode se basear nas fontes literárias e as em imagens trabalhadas nessas atividades.

11. Leia para a turma a primeira versão da narrativa baseada em fontes históricas produzidas por você ou sua equipe. Depois anote as considerações de seus colegas e do seu professor para a produção futura de uma segunda versão narrativa sobre o coronelismo e a democracia na Primeira República no Brasil.

A investigação a partir da Historiografia
Utiliza-se aqui um fragmento de texto de um historiador brasileiro especializado na Primeira República no Brasil expresso na narrativa 1, um fragmento de uma narrativa de um sociólogo brasileiro (narrativa 2), um fragmento de uma narrativa produzida em um jornal brasileiro (narrativa 3) e, por fim, o fragmento de uma
narrativa de um filósofo que discute questões contemporâneas sobre a democracia (narrativa 4). Durante a leitura procure compreender os conceitos de forma aberta, ou seja, busque perceber como os textos dialogam entre si no que eles tanto no que eles se confrontam e quanto em os seus acordos.
A primeira narrativa foi construída pelo historiador José Murilo de Carvalho e procura desenvolver a relação entre o sistema do coronelismo e os governadores dos Estados brasileiros na primeira metade do século XX. Procure ler a narrativa 1.

Narrativa 1


Se os governadores podiam prescindir da colaboração dos coronéis tomados isoladamente, o mesmo não se dava quando considerados em conjunto. A estabilidade do sistema como um todo exigia que a maioria dos coronéis apoiasse o governo, embora essa maioria pudesse ser eventualmente trocada. As manipulações dos resultados eleitorais sempre beneficiavam um grupo em detrimento de outro e tinham um custo político. Se entravam em conflito com um número significativo de coronéis, os governadores se viam em posição difícil, se não insustentável. Basta mencionar os casos da Bahia, de Goiás, do Ceará e de Mato Grosso. Em todos eles, os governadores foram desafiados, humilhados e mesmo depostos. São também conhecidos os casos de duplicatas de assembleias estaduais, de bancadas federais e até mesmo de governadores. As duplicatas de assembleias eram no mínimo embaraçosas para os governadores e podiam preparar o caminho para a intervenção do governo federal, numa confirmação da natureza sistêmica do coronelismo. Muitas vezes, rebeliões de coronéis eram incentivadas pelo governo federal para favorecer oligarquias rivais nos estados.
(CARVALHO, José Murilo de. Mandonismo, coronelismo e clientelismo: uma discussão conceitual. Dados, v. 40, n. 02, Rio de Janeiro, p. 9, 1997.)

Narrativa 2

A propriedade da terra é o centro histórico de um sistema político persistente. Associada ao capital moderno, deu a esse sistema político força renovada, que bloqueia tanto a constituição da verdadeira sociedade civil, quanto da cidadania de seus membros. A sociedade civil não é senão esboço num sistema político em que, de muitos modos, a sociedade está dominada pelo Estado e foi transformada em instrumento do Estado. E Estado baseado em relações políticas extremamente atrasadas, como as do clientelismo e da dominação tradicional de base patrimonialista, do oligarquismo. No Brasil, o atraso é um instrumento de poder. 
(MARTINS, José de Souza. O poder do atraso: ensaios de sociologia da história lenta. São Paulo: Hucitec, 1994, p. 13).

13. Em relação ao fragmento de texto acima, quais as conclusões que você chega a no que se refere às relações clientelistas na política brasileira?

A terceira narrativa é um fragmento de um artigo da Folha de São Paulo, que revela permanência de práticas clientelistas e coronelistas no Brasil contemporâneo com relação aos meios de comunicação de massa. Leia a narrativa 3.

Narrativa 3

Parte das novas concessões de rádio e televisão oferecidos em concorrência pública pelo Ministério das Comunicações está sendo adquirida por grupos políticos, reforçando o ”coronelismo eletrônico” do interior. No Amapá, a família do senador (...) comprou cinco concessões para o Estado (...): uma TV (em Macapá) e quatro concessões de rádio. No Maranhão, o secretário da Assembleia Legislativa e ex-prefeito (...) arrematou quatro concessões de rádio e vai instalar emissoras em Codó, Viana, Vitória do Mearim e Urbano Santos, cidades importantes no mapa político do Maranhão. (...) Em Minas Gerais, pelo menos três concessões de rádio – as de Salinas, Sacramento e Ouro Preto – foram adquiridas por grupos ligados a políticos. (...) O grupo que comprou a concessão de TV na cidade de Santos, em São Paulo, seria ligado ao prefeito (...) A empresa (...) se chama PRM, as iniciais do nome do prefeito. O proprietário da empresa (...) nega vínculo com o prefeito e diz que escolheu a sigla por “Coincidência”. 
(Folha de São Paulo. In. RODRIGUES, 2002. p. 26).

14. Segundo o que você já leu nas narrativas, quais os elementos da narrativa número três, revelam continuidades em relação ao período dos coronéis da Primeira República?

E quais são os elementos que mudaram em relação ao presente?

O filósofo Renato Janine Ribeiro é quem escreve sobre as possibilidades de uma democracia direta que combateria as práticas políticas clientelistas no Brasil do século XX.

Leia a narrativa 4.

Narrativa 4

A transmissão das sessões legislativas pela TV, uma cobertura detalhada pela mídia (...), o hábito do eleitor de escrever a seu deputado ou vereador, a formação de redes que divulgam os votos os parlamentares e a supressão do voto secreto nas sessões do Legislativo são alguns meios de fazer a cidadania controlar os políticos. Outra maneira é introduzir, sempre que possível, a democracia direta, que seria uma injeção de Grécia na nossa sociedade. Decisões sobre um bairro, como as tomadas no Orçamento Participativo (...), são exemplo de escolhas que se pode tomar em uma assembleia dos diretamente interessados. Em suma, a democracia direta exige que as pessoas não se limitem a votar uma vez cada dois anos, mas se mantenham ligadas por seus interesses e desejos, a fim de que o poder — que só é legítimo porque foi eleito. 
(RIBEIRO, Renato Janine. Verbete: Razões da democracia. Folha de São Paulo, 28 jan. 2003).

15. A partir da narrativa 4, discuta possibilidades de construção de práticas de democracia direta em sua comunidade.

TERCEIRA PARTE:


6. A APRENDIZAGEM E A COMUNICAÇÃO DAS IDÉIAS HISTÓRICAS ELABORADAS PELOS ESTUDANTES

Agora é fundamental que o professor verifique se seus estudantes produziram narrativas históricas elaboradas. Para isso é necessário repetir, em seus aspectos gerais, em um nível mais sofisticado as questões apresentadas anteriormente.

16. Novamente, faça de conta que você é um historiador do século XXI e que tenha que escrever uma narrativa histórica sobre o coronelismo e a democracia para um determinado público. Mas para isso você tem as fontes escolhidas por você ou sua equipe, as narrativas produzidas anteriormente por você e as quatro narrativas históricas apresentadas por seu professor. Procure compará-las ao construir sua nova narrativa histórica.

17. Leia para a turma a última versão da narrativa histórica sobre o coronelismo e a democracia na Primeira República no Brasil produzida por você ou sua equipe. Depois anote as considerações de seus colegas e do seu professor.

* Ao invés de uma leitura, o professor pode sugerir aos estudantes aqui a construção de seminários, debates, encenações, poesias e canções, provas com consulta e questões abertas, etc. É importante que estas comunicações sejam fundamentadas em fontes históricas e pela historiografia de referência sobre o coronelismo e a democracia no Brasil da Primeira República.

QUARTA PARTE: 


7. AVALIAÇÃO DA METACOGNIÇÃO HISTÓRICA DOS ESTUDANTES

A metacognição histórica é o momento de o professor investigar o aprendizado histórico do estudante. É o momento em que o estudante poderá compreender se aprendeu e como aprendeu sobre o coronelismo e a democracia na Primeira República no Brasil. 

Antes disso, é importante que o professor sistematize uma comparação entre as primeiras e as últimas narrativas históricas produzidas pelos estudantes com a finalidade de investigar se houve mudanças nas ideias históricas destes sujeitos.

18. O que você aprendeu sobre o coronelismo e a democracia na Primeira República no Brasil que se relaciona com a compreensão do nosso presente?

19. O que você aprendeu sobre o coronelismo e a democracia na Primeira República no Brasil que se relaciona com a compreensão dos nossos projetos de futuro?

8. REFERÊNCIAS

a) Bibliográficas.

AMADO, Jorge. Gabriela cravo e canela. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1975
[1958], p. 73.
CARVALHO, José Cândido. O coronel e o lobisomem. São Paulo: Rocco, 2000 [1964], p.07.
DELGOBO, Samuel. Coronel: parentela, mandonismo e política, nossa, que mistura é essa? Curitiba: SEED, 2008.
FERNANDES, Lindamir Zeglin. A Reconstrução de aulas de História na perspectiva da Educação Histórica: da aula oficina à unidade temática investigativa. In: Anais do VIII Encontro Nacional de Pesquisadores de Ensino de História: Metodologias e Novos Horizontes. São Paulo: FEUSP - Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, 2008.
LIMA BARRETO, Afonso Henriques de. Os Bruzundangas. São Paulo: Brasiliense, 1961 [1923], p. 23-24).
STORNI. O voto de cabresto, Revista Careta, Rio de Janeiro, 1927. (charge).

b) Eletrônicas.

CARVALHO, José Murilo de. Mandonismo, coronelismo e clientelismo: uma discussão conceitual. Dados, v. 40, n. 02, Rio de Janeiro, p. 9, 1997. In: . Acesso em: 02 jul. 2012.
Entrevista para a TV | Vote Odorico!. In: 1_lo&feature=related>. Acesso em: 02 jul. 2012.
O Bem-Amado, de Dias Gomes, 1973. In: . Acesso em 02 jul.2012.
Odorico, o Homem do Povo | Vote Odorico!. In:
http://www.youtube.com/watch?v=iteV4MmcFAs&feature=related>. Acesso em: 02 jul. 2012,
RIBEIRO, Renato Janine. Verbete: Razões da democracia. Folha de São Paulo, 28/01/2003. In: http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u281.shtml. Acesso em: 26 abr. 2006





quarta-feira, abril 17, 2013

PLANO DE ATIVIDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA: A Máfia do Futebol

CONTEÚDO PRINCIPAL: Esportes
CONTEÚDOS RELACIONADOS: Futebol e mídia
SÉRIE: 1º, 2º e 3º anos
DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE: 1 aula

EQUIPE: Aluizio da Rosa, Lilian Messias S. Brito


1. JUSTIFICATIVA

Possibilitar a reflexão e discussão acerca das notícias que envolvem futebol e corrupção.


2. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

1. Assistir ao vídeo: “BASTA! Uma campanha contra a máfia no futebol



2. Dividir a turma em equipes de, no máximo, cinco alunos, sendo que a metade das
equipes deve defender a máfia do futebol e a outra metade apresentar argumentação
contrária à prática;

3. A mediação, assim como questionamentos a respeito do debate, deve ser feita pelo
professor.

4. AVALIAÇÃO

Produção de texto-síntese a partir do encaminhamento metodológico proposto,
articulado com as questões “Quanto vale a sua vida?” e “Quanto vale o meu voto?”,
em que os estudantes possam se expressar enquanto leitores do mundo, a partir da
leitura e compreensão dos textos, das discussões em grupo sobre os vídeos, do nível
de argumentação a respeito das ideias básicas que estruturam o atual conhecimento
científico, na relação com a dimensão política da saúde na erradicação das
desigualdades sociais e como importante instrumento para a geração e implementação
de políticas de saúde pública.

REFERÊNCIAS

a) Bibliográficas

SCLIAR, M. Do mágico ao social: trajetória da saúde pública. São Paulo: SENAC, 2005.
Disponível em:
http://books.google.com.br/books?id=G70gBIa1l8wC&printsec=frontcover&hl=ptBR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false. Acesso em: 02/abr/2012.

b) Eletrônicas

AUGUSTO, M. H. O.; COSTA, O. V. Entre o público e o privado – a saúde hoje no Brasil.
Tempo Social – Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 11(2): 199-217, out. 1999. Disponível em:
http://www.fflch.usp.br/sociologia/temposocial/site/images/stories/edicoes/v112/entre_o_publico.pdf. Acesso em: 02/jul/2012.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portal da Saúde. Entenda o SUS. Disponível em:
http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/area/345/entenda-o-sus.html. Acesso
em: 02/jul/2012.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Conselho Nacional de Saúde. Parlamentares discutem
a causa do Movimento Saúde Mais Dez. Disponível em:
http://conselho.saude.gov.br/ultimas_noticias/2012/28_parlamentares_saude_mais10
.htm. Acesso em: 02/jul/2012.
BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Lei Complementar nº 141/2012. Disponível em:
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp141.htm. Acesso em: 02/jul/2012.
BUSS, P. M. Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciência e Saúde Coletiva, jan/mar,
a.v. 5, n.1, 2000. Disponível em: www.scielo.br/pdf/csc/v5n1/7087.pdf. Acesso em:
02/jul/2012.
FILGUEIRAS, F. A tolerância à corrupção no Brasil: uma antinomia entre normas morais
e prática social. Opinião Pública, Campinas, vol. 15, nº 2, Novembro, 2009, p.386-421.
Disponível em: www.scielo.br/pdf/op/v15n2/05.pdf. Acesso em: 02/jul/2012.
MOVIMENTO NACIONAL EM DEFESA DA SAÚDE PÚBLICA. A saúde pública brasileira
precisa de mais recursos do Governo Federal. Disponível em:
www.saudemaisdez.org.br/index.php/2012-04-14-22-35-41/manifesto/11-opiniao/33-
saude-publica. Acesso em: 02/jul/2012.


http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=732#sugestoes








PLANO DE ATIVIDADE DE BIOLOGIA: Saúde Pública


CONTEÚDO PRINCIPAL:
Saúde
DISCIPLINAS RELACIONADAS:
História, Geografia, Filosofia, Sociologia
DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE: 2 a 3 aulas
SÉRIE: 1º, 2º e 3º anos
EQUIPE:
Danislei Bertoni, Arlene Philippsen, Giselle Nicaretta

1. JUSTIFICATIVA 

Nos dias atuais, a Biologia encontra posição central na rede de discussões sobre os principais desafios da ciência contemporânea, pois sua dimensão histórica e sociocultural permite compreender a vida como processo resultante das transformações da relação do ser humano com o conhecimento.
De fato, a Biologia, assim como todas as ciências da vida e da saúde, tem importância fundamental na sustentabilidade da vida humana e das sociedades em que os pesquisadores que compõem estes complexos campos do conhecimento dedicam-se ao desenvolvimento desses saberes e contribuem para a melhoria das 
condições da vida humana do Planeta.

Neste contexto, discute-se nessa atividade a relação estabelecida entre a Biologia e a Saúde Humana, em sua dimensão política enquanto direito dos cidadãos à saúde pública de qualidade, que se modifica por implementações de políticas públicas de melhoria das condições e valorização da vida humana frente à dinamicidade entre a produção do conhecimento referente ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia, da biotecnologia, do conhecimento do corpo na perspectiva crítica de que o ser humano é o seu corpo, dos transplantes de medula e de órgãos, da manipulação de organismos geneticamente modificados para a síntese de medicamentos e vacinas, e o desenvolvimento humano e social entendido a partir do desenvolvimento centrado nas pessoas, sujeitos sociais, cidadãos de direitos, na perspectiva crítica da construção hegemônica do referencial de saúde.

No contexto da educação científica, o professor de biologia pode e deve contribuir com discussões envolvendo ciência, tecnologia, economia e política que caminhem para a construção de uma cultura de democracia baseada na dignidade, na honestidade, em princípios éticos, na participação social e no exercício pleno da cidadania, atuando contra todo e qualquer tipo de desigualdade social e atitudes de corrupção. A conscientização sobre a importância do voto e da escolha mais coerente dos candidatos que possam nos representar politicamente passa a ser um desses importantes instrumentos.

Neste ano de 2012 teremos eleições municipais e você professor, junto aos estudantes do ensino médio, principalmente aqueles com a responsabilidade do primeiro voto, devem refletir sobre os discursos políticos no sentido de analisar o nível de convicção dos candidatos, que muitas vezes convencem as pessoas a agirem simplesmente pelo voto, por construir a imagem do político “preocupado em resolver os problemas sociais”. Saiba que a saúde pública, assim como a educação e outros direitos sociais, é um direito de todos, assegurado na Constituição Federativa do Brasil, de 1988, com a criação do Sistema Único de Saúde, e não um sistema de concessão de favores.

2. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

Assistir ao vídeo da campanha “O que você tem a ver com a corrupção?” (duração: 4 minutos), promovida pelo Ministério Público Federal. Após assistir ao vídeo, discutir em grupo a importância do jovem se conscientizar a respeito do voto, principalmente aqueles em idade para o primeiro voto.


2. Sob a determinação do Banco Mundial, a reforma do sistema de saúde no Brasil a partir de 1988 assegurou os princípios de universalidade, integralidade, descentralização e gratuidade. Nesse sentido, a saúde pública passou a ser direito de todos os cidadãos brasileiros, não somente aos contribuintes do sistema previdenciário, como era até então. Desses princípios, o de descentralização permitiu que esse direito chegasse mais perto do cidadão, no entanto, também possibilitou atitudes de corrupção e de discursos políticos. A partir dessa problemática, iniciar uma discussão envolvendo o sistema público de saúde, seus princípios, direitos, a necessidade de entendê-lo como uma estrutura social histórica, contraditória e em constante mudança na relação estabelecida entre novas pesquisas e novas políticas públicas, e as atitudes de corrupção política e a praticada por funcionários públicos.

3. Assistir ao documentário “Políticas Públicas de Saúde” (duração: 7 minutos)

O documentário "POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL: Um século de luta pelo direito à saúde" conta a história das políticas de saúde em nosso país, mostrando como ela se articulou com a história política brasileira, destacando os mecanismos que foram criados para sua implementação, desde as Caixas de Aposentadorias e Pensões até a implantação do SUS.Sua narrativa central mostra como a saúde era considerada, no início do século XX, um dever da população, com as práticas sanitárias implantadas autoritariamente pelo Estado, de modo articulado aos interesses do capital, e como, no decorrer do século, através da luta popular, essa relação se inverteu, passando a ser considerada, a partir da Constituição de 1988, um direito do cidadão e um dever do Estado.Toda essa trajetória é contada através de uma narrativa ficcional, vivida por atores, com reconstrução de época, apoiada por material de arquivo.



Sugerir que eles assistam em outro momento o documentário completo “Políticas de Saúde no Brasil” (duração: 1 hora)

4. Solicitar a leitura do texto “O problema do SUS não é só dinheiro”. Após, iniciar uma discussão da possível relação existente entre a corrupção no sistema público de saúde, a impunidade por obstrução do sistema ocasionada por políticos e funcionários públicos mal intencionados, e a saúde convertida em simples mercadoria e reduzida a um mero ato de consumo.

5. Assistir ao vídeo “Entenda a corrupção no Brasil” (duração: 10 minutos), produzido pela TV Folha e após o vídeo, iniciar uma discussão em grupo a partir da ideia de descentralização do sistema de saúde e as consequências das atitudes de corrupção para a população brasileira que necessita ter acesso às políticas públicas.

TV mostra como o Brasil perde, todos os anos, R$ 6 bilhões de reais.


6. Em que medida os conhecimentos da Biologia, particularmente a respeito da ação bioquímica de medicamentos no organismo, o desenvolvimento de novos fármacos e novas vacinas, produtos sintetizados por organismos transgênicos, transplantes de medula e de órgãos, uso de plantas medicinais, entre outros, podem contribuir com a melhoria das condições de saúde da população brasileira? De que forma esses novos resultados de pesquisas na Biologia e nas demais ciências da vida e da saúde passariam a fazer parte de políticas públicas que atendam os cidadãos brasileiros e principalmente os mais pobres? 

AVALIAÇÃO

Produção de texto-síntese a partir do encaminhamento metodológico proposto, articulado com as questões “Quanto vale a sua vida?” e “Quanto vale o meu voto?”, em que os estudantes possam se expressar enquanto leitores do mundo, a partir da leitura e compreensão dos textos, das discussões em grupo sobre os vídeos, do nível de argumentação a respeito das ideias básicas que estruturam o atual conhecimento científico, na relação com a dimensão política da saúde na erradicação das desigualdades sociais e como importante instrumento para a geração e implementação de políticas de saúde pública.

REFERÊNCIAS

a) Bibliográficas

SCLIAR, M. Do mágico ao social: trajetória da saúde pública. São Paulo: SENAC, 2005. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=G70gBIa1l8wC&printsec=frontcover&hl=ptBR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false. Acesso em: 02/abr/2012.

b) Eletrônicas

AUGUSTO, M. H. O.; COSTA, O. V. Entre o público e o privado – a saúde hoje no Brasil. Tempo Social – Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 11(2): 199-217, out. 1999. Disponível em: http://www.fflch.usp.br/sociologia/temposocial/site/images/stories/edicoes/v112/entre_o_publico.pdf. Acesso em: 02/jul/2012.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portal da Saúde. Entenda o SUS. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/area/345/entenda-o-sus.html. Acesso em: 02/jul/2012.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Conselho Nacional de Saúde. Parlamentares discutem a causa do Movimento Saúde Mais Dez. Disponível em:
http://conselho.saude.gov.br/ultimas_noticias/2012/28_parlamentares_saude_mais10.html. Acesso em: 02/jul/2012.
BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Lei Complementar nº 141/2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp141.htm. Acesso em: 02/jul/2012.
BUSS, P. M. Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciência e Saúde Coletiva, jan/mar, a.v. 5, n.1, 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v5n1/7087.pdf. Acesso em: 02/jul/2012.
FILGUEIRAS, F. A tolerância à corrupção no Brasil: uma antinomia entre normas morais e prática social. Opinião Pública, Campinas, vol. 15, nº 2, Novembro, 2009, p.386-421. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/op/v15n2/05.pdf. Acesso em: 02/jul/2012.
MOVIMENTO NACIONAL EM DEFESA DA SAÚDE PÚBLICA. A saúde pública brasileira precisa de mais recursos do Governo Federal. Disponível em: http://www.saudemaisdez.org.br/index.php/2012-04-14-22-35-41/manifesto/11-opiniao/33-saude-publica. Acesso em: 02/jul/2012.





PLANO DE ATIVIDADE DE ARTE: O primeiro voto a gente nunca esquece!


CONTEÚDO PRINCIPAL:
será focada a área de Teatro:
Elementos formais: personagem
Composição: Encenação e leitura dramática
Movimentos e Períodos: Teatro do Oprimido
CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Ação, espaço, caracterização, cenografia, sonoplastia, figurino, iluminação, direção, produção, técnica: jogos teatrais, teatro engajado, etc.
SÉRIE DO ENSINO MÉDIO: 1º ano
DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE: 6 aulas

JUSTIFICATIVA

A proposta de se trabalhar com o teatro do Oprimido do dramaturgo Augusto Boal (1931-2009), que propõe que os espectadores não sejam apenas passivos e sim passem a ser protagonistas do espetáculo e o teatro Engajado que trabalha com temas políticos e sociais, bem como o tema proposto, fará com que os estudantes reflitam sobre a importância do voto como instrumento político, por meio da atuação cênica. Trabalhando esta área do conhecimento em arte, o teatro, os alunos terão oportunidade de vivenciar novas experiências, ter novas percepções e possibilidades de transformação da realidade em que vive, bem como de si mesmo.

ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

a) Mobilização
A partir da provocação “O primeiro voto a gente nunca esquece”, os alunos farão um jogo teatral para aquecimento do seu corpo. A atividade acontecerá da seguinte maneira:
formar grupos de 5 alunos.
  • cada um cria uma frase simples relacionada a política e que estamos acostumados a ouvir no nosso dia -a – dia, como por exemplo: “ Eu nem me lembro mais em quem votei” “o povo político não sabe votar”, “cada país tem o governo que merece”...
  • cada integrante sorteia um papel e deverá representar, por meio da mímica, a frase.
  • depois de todos apresentarem para o seu grupo, eleger a mímica mais convincente, que melhor expressou a frase para apresentar ao grande grupo. Após este aquecimento os alunos estarão preparados para atuar, representar.
b) Descrição da atividade
  • Primeiramente solicitar aos alunos que realizem uma pesquisa e um debate sobre:
1. como o povo brasileiro encara o ato de votar;
2. por que votam em determinado candidato;
3. a partir de quando a população pode votar;
4. se é correto o voto ser obrigatório no Brasil;
5. a corrupção no Brasil, entre outras situações.

O professor deverá fundamentar, dar exemplos, propor textos de leitura (aqui poderá ser usada a técnica da leitura dramática, isto, é, ler o texto de forma cênica) sobre o teatro do Oprimido e o Engajado. Uma sugestão é trabalhar com vídeos no qual o próprio Boal fala sobre o teatro do Oprimido.

  • Desenvolver com eles os conteúdos apontados acima e a partir daí propor a atividade principal, que é a criação de uma peça teatral com o tema “O primeiro voto a gente nunca esquece”. Os alunos deverão criar enredo, roteiro, figurino, cenário, iluminação, sonoplastia. Como a atividade trata do Teatro do Oprimido, os espectadores deverão participar como protagonistas da peça.
Segue algumas sugestões de materiais de apoio que poderão ser utilizados:

a) Filme 
Título: Eles não usam black tie
Diretor: Leon Hirszman
Elenco: Carlos Alberto Riccelli, Bete Mendes, Fernanda Montenegro, Gianfrancesco Guarnieri, 
Milton Gonçalves, Rafael de Carvalho, Lélia Abramo, Francisco Milani, Anselmo Vasconcelos.
Produção: Leon Hirszman
Roteiro: Leon Hirszman, Gianfrancesco Guarnieri
Fotografia: Lauro Escorel
Trilha Sonora: Adoniran Barbosa, Chico Buarque de Hollanda, Gianfrancesco Guarnieri
Duração: 120 min. Ano: 1981 País: Brasil Gênero: Drama Cor: Colorido
Distribuidora: Não definida Estúdio: Embrafilme

b) Músicas:
Que país é esse? Legião Urbana, 1987



RAP do Mensalão. Gabriel O Pensador,


c) Recursos
http://www.youtube.com/watch?v=QqtX2NOkV3k
Vídeo com Augusto Boal, explicando sobre teatro do oprimido.

Vídeo produzido por alunos de sociologia que faz uma crítica à corrupção no Brasil, utilizando a música Que país é este”, do Legião Urbana.

AVALIAÇÃO
a) Critérios
  • O aluno reconhece e compreende as relações entre o teatro do Oprimido e o Engajado.
  • Analisa e utiliza os elementos de composição teatral.
  • Elabora e organiza um roteiro com base nas pesquisas realizadas.
  • Interpreta usando as expressões corporais, faciais, gestuais e vocais.
b) Instrumentos
  • Debate
  • Produção de texto (roteiro)
  • Organização, montagem e apresentação da peça teatral.
REFERÊNCIAS
a) Bibliográficas
BOAL, Augusto. Teatro do oprimido e outras poéticas políticas. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.
BOAL, Augusto. Jogos para atores e não atores. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação do. Diretrizes Curriculares de Arte para a Educação Básica. Departamento de Educação Básica.2008.
b) Eletrônicas



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