A passagem entre Itajaí e Navegantes tem sido, há vários anos, tema de discussão em todas as esferas de nossas comunidades. As opiniões são as mais variadas: uma ponte nos moldes da que proporciona a travessia do Guaíba, em Porto Alegre, com aquele vão móvel para os navios cruzarem, um túnel, e tantas outras desencontradas sugestões. Pessoalmente, sempre fui contrário a esse tipo de solução. E hoje, mais do que antes, com dois portos, um sistema semelhante ao do Delta do Guaíba, além de seu custo fantástico, iria violentar as duas cidades, pois qualquer ponte, para viabilizar sua construção, teria de começar perto da Igreja Matriz de Itajaí, terminando no final da Rua João Sacavem de Navegantes. No caso do túnel, este deveria iniciar além da UNIVALI, terminando quase no Gravatá. Paralelo ao custo que tais obras demandariam, existiria ainda o inconveniente da distância, em especial para pedestres e ciclistas, que necessitariam trafegar percursos maiores numa pista a cerca com 40 metros abaixo da lâmina aquosa do rio. Por isso, devemos entender que a travessia entre Itajaí e Navegantes, pela proximidade natural que temos, o sistema que melhor se adapta é o de ferry boat. Igualmente, não podemos perder o encanto das duas cidades, o romantismo e a beleza proporcionada pela travessia dessas águas. É necessário claro, melhorar sua estrutura, acanhada e caríssima. Entretanto, tais restrições não impedem que possamos levar à frente o projeto de uma ponte, como foi apresentado ao então Ministro dos Transportes Eliseu Padilha, no Governo do Presidente Fernando Henrique, pelo então Prefeito Luiz Gaya. Ou seja, uma ponte na BR-101, ao lado das duas existentes, mas iniciando em torno da Igrejinha do Salseiro, logo após o Posto Santa Rosa, e terminando além do Posto Texaco, já em Navegantes, nos terrenos que eram da Usati. As linhas de um pré-projeto, arrojado e audacioso, feito pelo Engenheiro Amarildo Madeira, foram apresentadas na época, de forma a permitir o tráfego de embarcações de pesca e de chatas, para levar e trazer contêineres e cargas até os navios. Como exemplo, o porto de Hamburgo, na Alemanha, fica a 120 km do mar e é um dos maiores do mundo, o segundo da Europa. Dessa forma, todos os contêineres da cidade poderiam ser retirados, ocupando-se apenas os grandes espaços ao longo da margem direita de nosso estuário, até a Barra de Luiz Alves, na divisa com a Ilhota, sendo estes levados aos navios em chatas, como é feito em Hamburgo, Rotterdam e outros portos no mundo. Conseqüentemente, se apresentaria um novo e fantástico campo de trabalho. Essas ações, se implantadas, não viriam a prejudicar o transporte de caminhões, que estariam trabalhando para os vários depósitos ao longo do canal marítimo, inclusive com uma demanda maior de serviços, até porque, hoje somos um sistema portuário fabuloso em conjunto com o Terminal de Navegantes. Os mesmos benefícios relacionados, também estariam revertidos aos trabalhadores portuários (estivadores, terresteiros e conferentes) que, com a melhoria e ampliação do porto, viriam a aumentar em muito, o seu quadro efetivo. É importante também, que os trabalhadores portuários se conscientizem do fato de a modernidade trazer consigo novas ferramentas com tecnologias avançadas, tornando-se necessário que, filhos e netos daqueles que ajudaram a construir a grandiosidade de nosso porto, estudem e se capacitem para os instrumentos que a inteligência humana coloca a nossa disposição. Além desses aspectos, poderíamos explorar os pontos turísticos que seriam criados às margens dessa beleza que é o rio Itajaí-Açu, com embarcações para o transporte de turistas e moradores de toda a região. Existem aqueles que afirmam as possibilidades de navegação fluvial até Blumenau. Abriríamos espaço a um maior progresso para ambos os municípios, com novas frentes de trabalho e de crescimento de nossa região. A idéia dessa ponte me fascina, é um sonho, como foi projetar o porto de Navegantes nos seus primórdios. Para tanto é preciso que nossas autoridades, representantes do poder público, tenham a coragem, como teve o então Prefeito Gaya, agora, de fazer um novo e definitivo projeto para ser levado ao Presidente da República, sugerindo a construção de uma ponte entre Itajaí e Navegantes na BR 101 que, além de prestar melhores serviços ao país, em substituição àquelas que ali estão, essa nova travessia teria altura suficiente para a navegação fluvial de chatas, que serviriam a pequenos navios, barcos de pesca, de esporte e de turismo. É preciso aceitar a idéia do óbvio e lógico, ousar em favor da Ponte Itajaí Navegantes, determinante para o progresso e para o povo, que sofre com o tráfego de contêineres pela cidade, aos poucos ocupando os nossos espaços, deixando feia a paisagem e colocando em risco a segurança de todos. Tal iniciativa, será importante também para a cidade de Navegantes e seu novo terminal portuário, que poderá aproveitar toda a margem ao longo do canal. |
quarta-feira, outubro 12, 2011
A Ponte Itajaí Navegantes (Carlos Fernando Priess - Diretor do Departamento de Indústria Comércio e Serviços)
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